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Minha História
Minha História

Minha História

Chico Buarque

Ele vinha sem muita conversa, sem muito explicar  

Eu só sei que falava e cheirava e gostava de mar  

Sei que tinha tatuagem no braço e dourado no dente  

E minha mãe se entregou a esse homem perdidamente, laiá, laiá, laiá, laiá  

Ele assim como veio partiu não se sabe prá onde  

E deixou minha mãe com o olhar cada dia mais longe 

Esperando, parada, pregada na pedra do porto  

Com seu único velho vestido, cada dia mais curto, laiá, laiá, laiá, laiá  

Quando enfim eu nasci, minha mãe embrulhou-me num manto  

Me vestiu como se eu fosse assim uma espécie de santo  

Mas por não se lembrar de acalantos, a pobre mulher  

Me ninava cantando cantigas de cabaré, laiá, laiá, laiá, laiá  

Minha mãe não tardou alertar toda a vizinhança  

A mostrar que ali estava bem mais que uma simples criança 

E não sei bem se por ironia ou se por amor  

Resolveu me chamar com o nome do Nosso Senhor, laiá, laiá, laiá, laiá  

Minha história e esse nome que ainda carrego comigo 

Quando vou bar em bar, viro a mesa, berro, bebo e brigo  

Os ladrões e as amantes, meus colegas de copo e de cruz 

Me conhecem só pelo meu nome de menino Jesus, laiá, laiá  

Os ladrões e as amantes, meus colegas de copo e de cruz  

Me conhecem só pelo meu nome de menino Jesus, laiá, laiá, laiá, laiá

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EDITOR:  CABRAL